Nascer antes do tempo pode trazer complicações temporárias ou não. Alguns bebês vão precisar de cuidados extras quando receberem alta e a equipe que acompanha essa criança e os pais precisam saber que não dá para esperar que o prematuro tenha o mesmo desenvolvimento, tamanho e peso do que uma criança que nasceu a termo (no tempo certo).
Por isso, é usada a idade corrigida para avaliar a criança até os dois ou três anos de vida onde é comparado o comportamento esperado de acordo com a maturidade do cérebro e ajustar as nossas expectativas para a idade correta que ele teria se tivesse nascido a termo.
Como funciona a idade corrigida?
Se um prematuro nasceu com 25 semanas, por exemplo, após 15 semanas do parto ele estaria com cinco semanas de vida, que é o tempo que ele teria se ainda estivesse no útero de sua mãe (levando em consideração as 40 semanas de gestação). Ou seja, vamos esperar para aquele bebê um desenvolvimento igual de um recém-nascido de cinco semanas e não de 15 semanas.
O acompanhamento do prematuro é bem individualizado e necessário nos primeiros anos de vida. Muitas vezes é sim necessário um acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, como fono, fisio, neuro, oftalmo, entre outros, dependendo do grau de prematuridade e se a criança teve ou não sequelas.
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Mas existem outras complicações que podem surgir. Confira algumas delas:
RESPIRAÇÃO
Os pulmões do prematuro ao nascer não estão completamente formados. Quando o bebê precisa de ventilação mecânica para sobreviver por um tempo mais prolongado, ela pode resultar numa inflamação pulmonar, que produz cicatrizes no órgão e interfere com o desenvolvimento normal dos pulmões. É o que chamamos de displasia broncopulmonar, que é uma doença que faz com que a criança tenha dificuldade para respirar, respiração acelerada e dependa de oxigênio.
Esses sintomas normalmente desaparecem com o tratamento correto e o desenvolvimento dos pequenos, mas em alguns pacientes mais graves pode haver necessidade de uso de oxigênio em casa ou até mesmo uma traqueostomia pode ser indicada ( e algumas vezes é preciso seguir com a ventilação mecânica).
RETINOPATIA
Existem algumas complicações que podem vir com a prematuridade de um bebê. E uma delas é a chamada retinopatia da prematuridade. Isso acontece quando o desenvolvimento da retina (que é o local onde a imagem enxergada se forma) não ocorre dentro do esperado. Isso acontece pois a vascularização da retina só está completa por volta do nono mês de gestação e, ao nascer antes, ocorre a interrupção da formação desses vasos sanguíneos.
O Teste do Olhinho, que é feito nas maternidades, ajuda a identificar esse e outros problemas de visão no recém-nascido e evitar casos de cegueira na infância poderiam ser evitados. É um exame simples, rápido e indolor, que consiste na identificação de um reflexo vermelho, que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. O fenômeno é semelhante ao observado nas fotografias.
O bebê pode ficar sem sequelas, mas em alguns casos pode ter descolamento da retina e ser necessário cirurgia. Em casos mais graves, a retinopatia pode sim evoluir para a cegueira da criança.
HEMORRAGIAS
As hemorragias cerebrais (ou intraventriculares) também são um obstáculo para os prematuros. Normalmente elas ocorrem nos primeiros dias após o nascimento e são pequenas e absorvidas pelo próprio organismo sem grandes consequências. Mas, em alguns casos mais grave pode haver dilatação do tecido cerebral que chamamos de hidrocefalia.
Nesses casos, é necessário colocar uma válvula para drenar os ventrículos cerebrais.Os bebês mais propensos a ter essa hemorragia cerebral são os com baixa idade gestacional, baixo peso ao nascer, que não receberam corticóides no pré-natal, baixo Apgar ao nascer, entre outros fatores.
As hemorragias são classificadas do grau I ao grau IV, sendo as III e IV as mais grandes e que podem desencadear danos cerebrais permanentes. Essas hemorragias podem levar a sequelas diversas que vão desde dificuldades na aprendizagem, distúrbios mentais, visuais e auditivos, alteração no desenvolvimento da linguagem e do sistema motor, hidrocefalia, paralisia cerebral e até morte.
Tudo vai depender de cada indivíduo, dos tipos de intervenções (e se foram precoces ou não) e do tratamento que foram indicados.
ENTEROCOLITE NECROSANTE
Outra complicação que pode surgir para os bebês prematuros é a chamada enterocolite necrosante.
A superfície interna do intestino sofre lesões e inflama e, nos casos mais graves, uma porção do intestino pode necrosar (vem daí o nome da doença), e pode gerar perfuração intestinal e inflamação do peritônio (camada que reveste a cavidade abdominal).
As causas da doença ainda não são completamente conhecidas, mas sabemos que ocorre pela má irrigação de sangue para o intestino. Um dos primeiros sintomas que o bebê apresenta é o abdômen distendido. Eles também podem vomitar esverdeado (bile) e ter sangue nas fezes.
O leite materno é excelente para proteger os prematuros da enterocolite necrosante. Nos prematuros muito pequenos ou doentes é possível reduzir o risco atrasando a alimentação oral. A dieta enteral mínima, que é quando damos em pequenas quantidades, é uma forma de reduzir o risco da doença. Quando há suspeita da doença, a dieta é suspensa e é colocado um tubo no estômago para tirar o gás e o líquido da região.A alimentação passa a ser intravenosa e o tratamento é feito com antibióticos. Nos casos mais graves e raros, é necessário cirurgia. Durante o procedimento é retirado as porções do intestino perfuradas ou necrosadas. As extremidades cortadas do intestino podem ser ligadas na superfície da pele onde ficam abertas (chamada ostomia).
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