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julho 19, 2024O outono e o inverno são os períodos do ano mais temido por pais e mães de crianças pequenas. Isso porque nesta época aumentam as infecções respiratórias e, consequentemente, as internações em crianças menores de dois anos. Além do aumento de casos do VSR (Vírus Sincicial Respiratório), que é responsável pelas bronquiolites e pneumonias nos pequenos, temos também mais casos de influenza, Covid-19 e H1N1. A disseminação dos vírus nessa época não está relacionada com as baixas temperaturas como normalmente as pessoas pensam, mas porque ficamos mais em ambientes fechados e pouco ventilados.
Uma das doenças mais graves nas crianças pequenas é a bronquiolite. A bronquiolite nada mais é do que uma infecção nos bronquíolos, que levam o ar aos pulmões. A doença começa com um resfriado comum, mas tem possibilidade de agravamento. Os sintomas são tosse persistente, febre alta e chiado no peito. Tais sintomas podem evoluir para formas mais graves como dificuldade respiratória, unhas e lábios arroxeados, entre outros sintomas.
Para se ter uma ideia, cerca de 40% a 60% das crianças são infectadas pelo VSR no primeiro ano de vida e praticamente 100% serão acometidas até completarem os dois anos de idade. Por isso, a orientação é evitar visitar recém-nascidos e, se for, usar sempre máscara, lavar as mãos e evitar dar beijos nos pequenos que tem imunidade baixa. A bronquiolite é grave nos bebês. De cada 100 crianças infectadas, 10 vão precisar de internação e uma vai acabar precisando de um suporte na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Vacinação contra a bronquiolite
Recentemente uma nova vacina para prevenir a bronquiolite em bebês foi liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A Abrysvo, da empresa Pfizer, que combate o VSR. O imunizante é indicado para crianças desde o nascimento até os 6 meses de idade. Mas, a vacina não é aplicada diretamente no bebê, é feita na mãe, no segundo ou terceiro trimestre da gestação. A vacina oferece anticorpos que são passados pela placenta diretamente para o bebê! Caso tenham contato com o vírus, os sintomas tendem a ser mais leves.
Além da vacinação, o Ministério da Saúde tem um programa para prevenção da infecção pelo VSR em crianças que correm o risco de desenvolver quadros graves — como prematuros e cardiopatas. Crianças que nasceram com menos de 28 semanas de idade gestacional ou com até dois anos que tenham cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica da prematuridade descompensadas podem receber o anticorpo monoclonal palivizumabe, administrado mensalmente durante cinco meses no período da sazonalidade —que pode variar de acordo com a região.
Os pediatras e/ou os neonatologistas que acompanham os bebês devem indicá-los para receber o medicamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Será gripe ou resfriado?
Além da temida bronquiolite, aumentam também os casos de gripe e resfriado. Muita gente ainda acha que gripe (Influenza) é igual a resfriado, mas não é não. A gripe é uma infecção viral do sistema respiratório e normalmente deixa o paciente bem derrubado, ou seja, com sensação de cansaço extremo e mal-estar. O paciente neste caso tem febre acima de 38ºC, dores no corpo, dor de garganta e coriza. Já o resfriado também é uma infecção respiratória de causa viral, mas que é causado por outros tipos de vírus, como o rinovírus e o parainfluenza. Nesse caso também surge tosse, desconforto na garganta, dor de cabeça e a febre pode ocorrer ou não, mas de forma mais leve.
Diferente da gripe que é mais intensa e dura mais dias (entre 7 a 10 dias), o paciente resfriado costuma ter uma recuperação mais rápida (em torno de 4 dias). É importante dizer que o resfriado ocorre em qualquer época do ano, diferente da gripe que tem seus casos agravados no outono e inverno.
No resfriado, apenas a parte superior do sistema respiratório costuma ser afetada, causando menos complicações. O paciente pode ter quadros de piora da asma, otite e sinusite. Já o paciente com gripe tem mais risco de ter complicações mais sérias e a doença comprometer o pulmão causando, por exemplo, uma pneumonia. E em alguns casos, há necessidade de internação.
Pneumonia silenciosa
Além dos casos de bronquiolite, temos visto muitos casos da chamada pneumonia silenciosa (pneumonia atípica), que recebe esse nome pois os sintomas não são tão evidentes da pneumonia clássica e, por isso, muitas vezes o paciente demora a procurar atendimento médico.
A intensidade dos sintomas pode variar e eles podem ser confundidos com sinais de outras doenças respiratórias e, por isso, nem sempre é logo identificada. Além do exame físico, é preciso fazer uma radiografia de tórax para fechar o diagnóstico. O tratamento é feito com antibióticos, mas diferentes daqueles usados na pneumonia clássica.
Além de tosse, o paciente pode ter mal-estar similar ao da gripe, sensação de falta de ar ou pressão no peito, secreções pulmonares, fraqueza e febre. O tratamento é feito com o uso de antibióticos e, em alguns casos de chiado no peito, é necessário medidas como corticoides e uso de bombinhas. Algumas crianças que evoluem com desconforto respiratório e baixa saturação vão precisar ser internadas para suporte.
Como prevenir as doenças respiratórias:
A maioria das doenças são prevenidas com bons hábitos de higiene e caderneta de vacinação em dia (para não ter outras doenças associadas). Além disso, é importante seguir os seguintes cuidados no dia a dia:
- Lavagem nasal recorrente
- Inalação com soro fisiológico
- Lavagem frequente das mãos com água e sabão
- Evitar contato próximo com pessoas doentes
- Evitar ambientes sem ventilação
- Usar máscaras se tiver sintomas gripais
- Limpar objetos que podem estar contaminados, como brinquedos
Quando procurar atendimento médico?
Como os hospitais estão lotados, é importante ter critério na hora de procurar atendimento médico para não deixar a criança exposta a outros vírus no pronto-socorro. O mais importante é observar a criança e, se ela tiver alguns desses sinais, procure uma avaliação. São elas:
- Parou de mamar ou aceitar líquidos?
- Criança só dorme?
- A respiração está ofegante?
- Febre há mais de três dias?
Vale lembrar que a tosse normalmente piora à noite quando a criança está deitada e, por isso, antes de dormir o recomendado é fazer lavagem nasal e inalação com soro fisiológico. O mais importante é não automedicar a criança com xaropes nem outros medicamentos e sempre consultar o pediatra.